Maior nome do tênis brasileiro (incluindo homens e mulheres), eleita a melhor tenista do século XX da América Latina,[3] e incluída em 2012 na posição 38 entre os 100 Melhores Tenistas da história (incluindo homens e mulheres) pelo canal Tennis Channel,[4] em seus vinte anos de carreira, colecionou 589 títulos internacionais, entre os quais se destacam feitos importantes, como a conquista dos torneios individuais de Forest Hills (atual US Open), em 1959, 1963, 1964 e 1966, e os de duplas de 1960 e 1962 (com Darlene Hard), e 1968 (com Margaret Smith Court). Ao todo, Bueno venceu dezenove torneios do Grand Slam (sete na categoria simples; onze em duplas femininas; um em duplas mistas). Segundo a Federação Internacional de Tênis, foi a n.º 1 do mundo em 1959, na categoria individual feminina.[5] O International Tennis Hall of Fame também a incluiu como a melhor tenista do mundo, em 1964 (depois de perder a final no Torneio de Roland-Garros e ganhar Wimbledon e o U.S. Open) e 1966.
Em 1960, entrou para a história como a primeira mulher a ganhar o chamado Grand Slam de tênis, ou seja, a conquistar os quatro Grand Slams jogando em duplas num mesmo ano (três com Darlene Hard e um com Christine Truman Janes). Seu nome está no Livro dos Recordes: na final do US Open de 1964, contra a americana Carole Caldwell Graebner, Maria Esther venceu a partida em apenas dezenove minutos.[6] Além disso, sua vitória sobre Margaret Court na final individual de Wimbledon, em 1964, é considerado por muitos um dos dez jogos mais emocionantes da história do tênis.[7]
Ganhou a alcunha de A Bailarina do Tênis por conta da elegância do estilo de jogo. Uma outra marca registrada era a sua potência no saque. Uma de suas grandes tristezas foi não ter podido representar o Brasil nos Jogos Olímpicos, já que o tênis deixou de ser esporte olímpico na década de 1930 e voltou apenas em 1996.
Maria Bueno foi por 65 anos a única mulher nascida no Brasil a ter conquistado títulos em torneios Grand Slam de tênis, até que em 2023, jogando ao lado do também brasileiro Rafael Matos, a também paulistana Luisa Stefani venceu o título de duplas mistas no Australian Open.[8]
Descendente matrilinear de espanhóis,[9] Maria Esther Bueno começou no esporte aos seis anos, no Clube de Regatas Tietê, do qual era vizinha. Seu pai queria que ela estudasse balé. Antes de iniciar sua carreira no tênis, chegou a disputar com sucesso algumas provas de natação nos 50 metros livre, mas sua paixão sempre foi o tênis.
Aos onze anos, disputou o primeiro campeonato no tênis. Aos catorze anos ganhou o Brasileiro Infantil e, dois meses depois, o Brasileiro de Adultos.[2]
Em 1955, conquista a medalha de bronze de duplas nos Jogos Pan-americanos do México.
Em 1956 e 1957,[2] sagra-se bicampeã do tradicional torneio juvenil Orange Bowl, na Flórida. Em 1957, conquista seu primeiro título internacional adulto: o torneio de Fort Lauderdale.[10] Ainda em 1957, é vice em Coral Gables e vence seis torneios de duplas.
Em 1958, ao lado de Althea Gibson, conquista o torneio de duplas de Wimbledon, pouco depois de ganhar o Nacional da Itália. Fatura mais dois torneios na Alemanha e oito nos EUA, além de catorze troféus de duplas.
O primeiro título de simples de Maria Esther Bueno em um torneio de Grand Slam, veio quando tinha apenas dezenove anos de idade, no dia 4 de julho de 1959, na "grama sagrada" de Wimbledon.[11] Ao vencer Darlene Hard, por 6/3 e 6/4, ela pôs fim a 21 anos de domínio norte-americano em Wimbledon.[12] No dia seguinte à sua conquista, o jornal Estado de São Paulo publicou: “A vitória de Estherzinha é festejada em todo o Brasil como um feito que supera o dos craques do futebol que se tornaram campeões mundiais há exatamente um ano, na Suécia.” Um ano antes ela já havia conquistado este mesmo torneio, mas em duplas.
Sobre a conquista individual de Wimbledon, recebeu como prêmio um voucher de apenas 15 libras. “O prêmio de Wimbledon foram 15 libras em voucher, que você trocava por meia, munhequeira, porque era totalmente amador. Então não podia ter prêmio em dinheiro", contou.[13]
Ainda em 1959, ela conquista o U.S. Championships (atual US Open), após derrotar Christine Truman na final por 2 sets diretos (6/1 e 6/4). Neste mesmo torneio, foi vice em duplas nos EUA, ao lado de Sally Moore [en]. Por conta desses resultados, foi declarada como número 1 do mundo pela Federação Internacional.
Em 1960, Maria Esther alcança o bicampeonato do torneio simples em Wimbledon, com 8/6 e 6/0 sobre Sandra Reynolds, e é vice nos EUA, perdendo para Hard por 4/6, 12/10 e 4/6. Após a conquista em Wimbledon, a jogadora estampou a capa de uma edição de janeiro de 1961 da revista "Cruzeiro", ao lado de Pelé, Éder Jofre e o bicampeão de pesca submarina Bruno Hermanny. A matéria fazia uma projeção da carreira dos quatro atletas e comentava as conquistas do ano anterior.[14]
No tradicional torneio da Austrália (atual Australian Open) Maria Esther chegou como cabeça de chave número 1. Naquele ano, o torneio acontecia na cidade de Brisbane, e ainda se jogava na grama, especialidade da brasileira. Ela disputou as três modalidades do torneio: simples, dupla feminina e dupla mista.[15] Na disputa de simples, após vitórias contra as australianas Val Craig (6/2 e 6/2) e Dawn Robberds [en] (6/1 e 6/0), Maria Esther caiu nas quartas de final para Margaret Smith, lendária tenista da casa, maior vencedora da história do Aberto da Austrália, com onze títulos. A derrota foi por 2 sets a 1, parciais de 5/7, 6/3 e 4/6. Nas duplas mistas, ao lado do australiano Bob Howe, a eliminação veio nas semifinais, por 2 a 0, diante do sul-africano Trevor Fancutt [en] e da australiana Jan Lehane [en]. Mas foi nas duplas femininas que veio a maior consagração no Grand Slam. Na primeira rodada, a dupla formada por Maria Esther com a britânica Christine Truman, venceu por 2 a 0 as australianas Val Craig e Lorraine Saywell, parciais de 6/2 e 6/1. Nas quartas, passaram pelas também donas da casa Betty Holstein [en] e Sandra Shipton (6/3 e 6/4). Na luta pela vaga na decisão, triunfo diante das australianas Mary Hawton e Fay Muller [en], com 6/4 e 11/9. Na final, novo encontro com Margaret Smith, que jogava com a compatriota Lorraine Robinson [en]. O título veio com parciais de 6/2, 5/7 e 6/2.
Além desses títulos, ela faturou mais três torneios na Europa, mais um na Austrália e dois na América do Sul. Em duplas, ganha os quatro eventos de Grand Slam e outros onze troféus, sendo a primeira mulher a conquistar o Grand Slam de tênis em duplas. Novamente é indicada número 1 do ranking feminino.
Em 1961, contraiu hepatite, o que a fez encurtar suas atividades no ano. Ainda assim, chega ao segundo título na Itália, outros cinco de simples e três de duplas, além de ser vice de duplas em Roland Garros.
Em 1962, recupera-se completamente da hepatite (depois de oito meses), e volta a jogar com mais regularidade. Levanta quatro troféus de simples, é vice na Itália e ganha duplas nos EUA.
Neste ano, ela conquista o bi nos EUA, com 7/5 e 6/4 sobre Margaret Court. Chega a outras onze finais, com quatro títulos. É campeã de duplas em Wimbledon, com o recorde de dezessete troféus de duplas na temporada.
Nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, era favorita a conquistar três ouros. Mas, nas vésperas do torneio, foi mordida por um cachorro e teve um de seus dedos da mão direita rasgados. Jogando com proteção no local, ficou com o ouro no individual, e levou a prata nas duplas (feminina e mista). O cachorro havia sido um presente de seu irmão.[16]
Volta a ocupar o número 1 do ranking, com o tri em Wimbledon - 6/4, 7/9 e 6/3 sobre Court - e do Nacional dos EUA (6/1 e 6/0 em cima de Carole Caldwell Graebner), além do vice em Roland Garros. Ganha outros oito títulos e cinco vices individuais e oito duplas. A vitória sobre Margaret Court, em Wimbledon, é considerado por muitos um dos dez jogos mais emocionantes da história do tênis.[7]
A vitória sobre Graebner na final do US Open, fez com que Maria Esther Bueno entrasse para o Guinness Book, já que ela venceu a partida em apenas dezenove minutos.[6]
Em 1965, o joelho esquerdo de Maria Esther Bueno já incomodava. Passou por uma cirurgia e precisou de quatro meses de recuperação.[17]
Mesmo com a lesão, conquistou o tricampeonato na Itália e o vice em Wimbledon e na Austrália. Ganha duplas em Wimbledon ao lado de Billie Jean King.
Em 1966, conquista o tetracampeonato nos EUA, ao vencer Nancy Richey por 2x0 (6/3 e 6/1). Foi vice Wimbledon, perdendo a final para Billie Jean King. Ao lado de Nancy Richey, fatura duplas em Wimbledon e EUA. Termina a temporada com mais quatro títulos de simples e dois de duplas.
No ano seguinte, sua carreira praticamente terminou, por conta de uma contusão no braço direito. Numa época em que não havia o tie-brake, ela jogou por mais de dez horas seguidas em partidas de duplas e duplas mistas de Wimbledon, que lhe provocou uma epicondilite, inflamação no tendão do cotovelo, conhecida como cotovelo de tenista. A brasileira continuou jogando até que, em 1968, ouviu de médicos que o estrago era grande demais e ela não voltaria a jogar.[17]
Mesmo assim, em 1967 foi vice de duplas e duplas mistas em Wimbledon. Termina a temporada com apenas duas conquistas e um vice de simples.
Em 1968, fatura seu último título de Grand Slam, jogando ao lado de Margaret Court, na chave de duplas do já US Open. Em simples, ganha dois torneios em quatro finais.
Em 1969, as paradas são cada vez mais constantes e longas. Chega a apenas uma final, em Caracas.
Ela voltaria a jogar na década de 1970 após várias cirurgias, mas sem o sucesso de antes. Mesmo longe de seu auge, conquistou o Aberto do Japão de 1974, seu último título internacional.[17] Segundo a própria tenista, esta conquista foi sua maior superação, após passar sete anos sem mexer direito o braço, quando tudo o que ela pegava caía no chão.[19]
Em 1976, aos 36 anos, disputa Roland Garros e em seguida Wimbledon, nove anos depois de sua última final, e ainda ch